Com lágrimas nos olhos perguntei-lhe o porquê daquilo tudo.
- não sei - foi tudo o que ele, ingenuamente, conseguiu me responder.
E só então me dei conta de que não era sua culpa, ou minha culpa. Por incrível que pareça, às vezes, a culpa não é de ninguém mais que do destino.
Foi nesse momento que percebi que eu não o odiava. Jamais seria capaz disso, pois meu amor por ele, e por tudo o que ele significava, eram muito maiores do que qualquer afastamento repentino e sem volta.
É aquilo o que dizem “nem tudo o que é eterno dura para sempre” e a nossa relação estava com os dias contados desde que começou.
- a gente passou por umas boas juntos - sorri sem graça com o fim eminente.
- sim, você sabe que jamais me esquecerei - ele conseguiu dizer, seco com a separação.
- espero que seja feliz.
- eu vou ser! - suspirou - Você sabe que também quero sua felicidade.
Concordei em silêncio, incapaz de responder sem chorar novamente.
Alguns finais são mais difíceis do que outros, e como continuar em frente quando algo te puxa para trás? Como tirar da sua rotina alguém fez parte da sua rotina durante anos, que acompanhou sua vida, que soube tudo sobre você um dia? Como você se esquece do inesquecível?
No ar um cheiro de cigarro e uma musica baixa desafinada. Já devia estar escuro lá fora, em nosso coração jovem, já estava tudo escuro há dias.
Queria pedir para que ele ficasse, queria dizer que tudo iria dar certo e que resolveríamos essa situação como sempre fizemos, mas não era verdade. Nada iria se resolver. Nosso destino já tinha de desvencilhado e éramos os únicos que não tinham percebido isso.
Quanto tempo não levamos para perceber que as coisas tinham mudado? Acho que o mesmo tempo que levamos a perceber que algumas coisas não mudam. Era tão simples de entender.
Ele olhou para os lados, incomodado, e eu soube que tinha chegado ao fim. Levantou-se, jogou alguns dólares da mesa e saiu andando calmamente sem olhar para trás.
Afinal, o que ele poderia mudar? A culpa não era dele.
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