Ele sorriu amarelo antes de lhe perguntar:
- O que há de errado com você?
Ela pensou em peguntar a ele se estava assim tão acabada, mas era melhor não. Não sabia até que ponto podia se manter segura diante da falsidade dele.
- Estou cansada de temer tudo e todos. Cansei de ser passiva.
- E por que não faz algo sobre isso? Deixe de ser passiva. Enfrente o mundo! - ele encorajou.
Ela sabia que não deveria confiar nos conselhos do garoto de sorriso amarelo. Mas esse conselho, em especial, era clichê. Ela mesma não precisava ouvir, porque já o tinha repetido a si mesmo inúmeras vezes.
- Falta vontade. Estou cansada de tudo e todos. Cansada de ser mandada e ter que obedecer. Não quero brigas... Não quero ter que discutir para ser livre. Não quero!
Ele extingui a distância que havia entre eles, colocou as mãos em volta de sua cabeça e pareceu dar um chacoalhão tão forte que ela arregalou os olhos em protesto.
- O que você pensa que está fazendo? - gritou.
- Estou vendo se acordo a garota forte que está dentro de você. Onde foi parar a garota que já passou por tantas coisas ruins, praticamente torturantes? Você não era assim. Não podia ser.
Ela pensou e concluiu que realmente não era. Foi a pior conclusão que teve em sua vida, porque percebeu que seu opressor era uma pessoa que ela amava e que amava a ela.
Ela viu que tinha medo de tentar, porque tinha medo que tudo desse errado. Sempre dava, não é? Ela não queria ter que enfrentar problemas e por isso se deixava levar. Se deixava oprimir e desistir sem tentar. Mas o que ela podia fazer sobre isso a não ser desistir?
Ela podia tentar, é claro.
Mas estava tão cansada de críticas e acusações. De mal-humor. Da pessoa que ela mais amava do mundo. Da pessoa que a tinha colocado no mundo reclamando e fazendo pouco caso das coisas que ela queria.
Ela não só queria, como precisava, dessa liberdade que estavam negando a ela.
Ela realmente precisava se sentir aceita. Se sentir livre. Voar com as próprias asas, que ainda eram tão virgens.
Os olhos do garoto falso de sorriso amarelo faíscaram quando ele se afastou. E ela soube que ele, sim, era livre. Ele sim poderia correr para onde quisesse no mundo.
Ela sabia que ele tinha o sorriso amarelo e falso, por saber do que as pessoas do mundo são capazes de fazer. Ela sabia que ninguém tinha o protegido, como protegiam a ela. E mesmo assim. Mesmo falso e com o sorriso amarelo, e quem sabe com o coração cheio de feridas por ser tão desprotegido, ela teve inveja dele.
Ela invejou suas feridas, seu ceticismo, sua falsidade e crueldade para com os outros.
Ela invejou suas asas tão gastas por anos de uso fazendo o que de melhor existe no mundo. A maior realização do ser-humano.
Ser livre!
No amor e na guerra
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Nostalgia
Com lágrimas nos olhos perguntei-lhe o porquê daquilo tudo.
- não sei - foi tudo o que ele, ingenuamente, conseguiu me responder.
E só então me dei conta de que não era sua culpa, ou minha culpa. Por incrível que pareça, às vezes, a culpa não é de ninguém mais que do destino.
Foi nesse momento que percebi que eu não o odiava. Jamais seria capaz disso, pois meu amor por ele, e por tudo o que ele significava, eram muito maiores do que qualquer afastamento repentino e sem volta.
É aquilo o que dizem “nem tudo o que é eterno dura para sempre” e a nossa relação estava com os dias contados desde que começou.
- a gente passou por umas boas juntos - sorri sem graça com o fim eminente.
- sim, você sabe que jamais me esquecerei - ele conseguiu dizer, seco com a separação.
- espero que seja feliz.
- eu vou ser! - suspirou - Você sabe que também quero sua felicidade.
Concordei em silêncio, incapaz de responder sem chorar novamente.
Alguns finais são mais difíceis do que outros, e como continuar em frente quando algo te puxa para trás? Como tirar da sua rotina alguém fez parte da sua rotina durante anos, que acompanhou sua vida, que soube tudo sobre você um dia? Como você se esquece do inesquecível?
No ar um cheiro de cigarro e uma musica baixa desafinada. Já devia estar escuro lá fora, em nosso coração jovem, já estava tudo escuro há dias.
Queria pedir para que ele ficasse, queria dizer que tudo iria dar certo e que resolveríamos essa situação como sempre fizemos, mas não era verdade. Nada iria se resolver. Nosso destino já tinha de desvencilhado e éramos os únicos que não tinham percebido isso.
Quanto tempo não levamos para perceber que as coisas tinham mudado? Acho que o mesmo tempo que levamos a perceber que algumas coisas não mudam. Era tão simples de entender.
Ele olhou para os lados, incomodado, e eu soube que tinha chegado ao fim. Levantou-se, jogou alguns dólares da mesa e saiu andando calmamente sem olhar para trás.
Afinal, o que ele poderia mudar? A culpa não era dele.
- não sei - foi tudo o que ele, ingenuamente, conseguiu me responder.
E só então me dei conta de que não era sua culpa, ou minha culpa. Por incrível que pareça, às vezes, a culpa não é de ninguém mais que do destino.
Foi nesse momento que percebi que eu não o odiava. Jamais seria capaz disso, pois meu amor por ele, e por tudo o que ele significava, eram muito maiores do que qualquer afastamento repentino e sem volta.
É aquilo o que dizem “nem tudo o que é eterno dura para sempre” e a nossa relação estava com os dias contados desde que começou.
- a gente passou por umas boas juntos - sorri sem graça com o fim eminente.
- sim, você sabe que jamais me esquecerei - ele conseguiu dizer, seco com a separação.
- espero que seja feliz.
- eu vou ser! - suspirou - Você sabe que também quero sua felicidade.
Concordei em silêncio, incapaz de responder sem chorar novamente.
Alguns finais são mais difíceis do que outros, e como continuar em frente quando algo te puxa para trás? Como tirar da sua rotina alguém fez parte da sua rotina durante anos, que acompanhou sua vida, que soube tudo sobre você um dia? Como você se esquece do inesquecível?
No ar um cheiro de cigarro e uma musica baixa desafinada. Já devia estar escuro lá fora, em nosso coração jovem, já estava tudo escuro há dias.
Queria pedir para que ele ficasse, queria dizer que tudo iria dar certo e que resolveríamos essa situação como sempre fizemos, mas não era verdade. Nada iria se resolver. Nosso destino já tinha de desvencilhado e éramos os únicos que não tinham percebido isso.
Quanto tempo não levamos para perceber que as coisas tinham mudado? Acho que o mesmo tempo que levamos a perceber que algumas coisas não mudam. Era tão simples de entender.
Ele olhou para os lados, incomodado, e eu soube que tinha chegado ao fim. Levantou-se, jogou alguns dólares da mesa e saiu andando calmamente sem olhar para trás.
Afinal, o que ele poderia mudar? A culpa não era dele.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
No amor e na guerra
Vale tudo?
Difícil mesmo é recomeçar algo, voltar ao zero. Significa mais esforço, mais ajustes, mais dificuldades, porque você está vivendo tudo aquilo de novo, e nem sempre você se lembra das coisas.
O fato é que eu não estava contente com o título, com o conteúdo, com o layout, com nada do blog, e como boa perfeccionista que sou, achei melhor (re)começar tudo.
Porque afinal, se eu não estiver feliz quem vai estar por mim?
Então se divirtam com o nome novo, layout novo, posts novos, e a mesma e velha autora. Fazer o que? Nem tudo é perfeito!
Difícil mesmo é recomeçar algo, voltar ao zero. Significa mais esforço, mais ajustes, mais dificuldades, porque você está vivendo tudo aquilo de novo, e nem sempre você se lembra das coisas.
O fato é que eu não estava contente com o título, com o conteúdo, com o layout, com nada do blog, e como boa perfeccionista que sou, achei melhor (re)começar tudo.
Porque afinal, se eu não estiver feliz quem vai estar por mim?
Então se divirtam com o nome novo, layout novo, posts novos, e a mesma e velha autora. Fazer o que? Nem tudo é perfeito!
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